O líder do radical Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, apareceu pela primeira vez em público para dar o sermão de sexta-feira na Grande Mesquita da cidade de Mossul, no Iraque, como mostrou um vídeo divulgado neste sábado em foros jihadistas.
Arte/UOLCidades iraquianas sob poder ou ameaça de insurgentes No filme, de 20 minutos de duração, é possível ver o autoproclamado califa no "minbar" (púlpito) do templo, com sua longa barba e vestido com túnica e turbante pretos.
A presença de Baghdadi em Mossul, a segunda cidade do Iraque e nas mãos da insurgência sunita desde 10 de junho, foi confirmada à Agência Efe por um ativista da cidade.
As imagens mostram vários fiéis acompanhando o sermão e vários homens armados monitorando as colunas do templo, que fica no centro de Mossul.
A bandeira do EI aparece pendurada na mesquita perto do "mihrab", o nicho que indica a direção da Meca, para onde todos os muçulmanos têm que olhar ao rezar.
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Avanço de jihadistas leva Iraque a nova onda de violência86 fotos
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Nos foros jihadistas que publicaram o vídeo Baghdadi é apresentado como "o califa Ibrahim, emir dos crentes no estado islâmico".
Ibrahim ibn Awad, mais conhecido como Abu Bakr al-Baghdadi, se proclamou no último domingo "imã e califa para os muçulmanos de todo o mundo".
O EI, uma cisão radicalizada da Al Qaeda, declarou esse dia um califado islâmico que vai da província síria de Aleppo até a iraquiana de Diyala, após os últimos avanços que fez no Iraque.
Em 1º de julho, Baghdadi exigiu que todos os muçulmanos emigrem de forma "obrigatória" ao califado porque ele "pertence a todos os muçulmanos" e não só ao Iraque e à Síria.
Entenda a violência no Iraque
O que está acontecendo?
Desde que as tropas americanas saíram do Iraque, em 2011, o grupo islâmico EIIL vem rapidamente ocupando cidades do país. Desde 6 de junho, já tomou Mosul, segunda maior cidade e bastião da resistência à ocupação dos EUA e aliados, e partes de Tikrit, cidade de Saddam Hussein próxima da capital Bagdá. Desde então, cerca de 500 mil pessoas fugiram da região.Qual o tamanho do confronto?
O governo, que tem forte apoio xiita, perdeu o controle de grande parte de norte e oeste do Iraque, e agora pede que civis peguem em armas para lutar contra a milícia. O Exército de 930 mil integrantes, que, em tese, seria suficiente para derrotar o grupo, não conseguiu barrar o EIIL em outras cidades já tomadas. Até agora, mais de 4.700 iraquianos foram mortos só neste ano, segundo a ONU.Quem está atacando?
O EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), um grupo islamita sunita que quer criar um califado no país e no Levante (parte de Síria e Líbano). Seu principal líder foi Abu Musab al-Zarqawi, morto em 2006. Hoje a liderança tem vários nomes, mas o principal é Abu Bakr al-Baghdadi. Surgiu da união de grupos que lutaram contra a ocupação do Iraque pelos EUA.Qual a força do EIIL?
O grupo, que recebe grandes doações ocultas de dinheiro, tem milhares de militantes, inclusive "jihadistas" americanos e europeus, e se aproveita da disputa entre o governo de Maliki, apoiado pelos xiitas, e a minoria sunita para conquistar espaço. Acredita-se que seja patrocinado por governos da região. Embora seja considerado um braço da Al-Qaeda, se rebelou e foi expulso pelo líder Al-Zawahiri.O que é um califado?
É uma forma de governo centrada na figura do califa, que seria um sucessor da autoridade política do profeta Maomé, com atribuições de chefe de Estado e líder político do mundo islâmico. O Estado, que seguiria rigorosamente a lei do Islã, compreenderia a região entre o mar Mediterrâneo e o rio Tigre.O Iraque pode se dividir?
O governo central de Bagdá ainda controla oficialmente as províncias do país. Mas a divisão do Iraque entre árabes sunitas e xiitas e curdos já está bem avançada.